09 nov
No avião.
Outra vez estou voando. Pode parecer banal para os executivos engravatados, mas pra mim um reles mortal, segue sendo uma experiência no mínimo inspiradora. Alguém deveria tomar uma providência e patrocinar vôos para poetas, escritores ou até para os que sofrem de depressão. Voar deveria ser usado como terapia emocional. Ora, o céu já não pertence somente ao Condor e nós criaturas não-aladas podemos voar em monstros de ferro, mas podemos voar sim. Quando decolamos do México estava muito ansioso pois tinha a esperança de ver os vulcões de cima, do céu, como quando cheguei aqui. Não deu, estava bastante nublado o céu e o casal Popocatépetl e Iztaccíhuatl estavam escondidos, imersos num imenso algodoal celestial, frio e manso. Manso sim, quando o avião ascendeu sobre o que do solo parecia uma tempestade apocalíptica com céu negro e pesado se via um extenso e suave campo branco. O sol que da cidade do México não se via há vários dias ainda caía no ocidente tamisando o céu num nítido gradiente de azuis e laranjas.
Agora já anoiteceu e os passageiros se entretêm com amendoins e refrigerante. Somente amendoins e refrigerante! Pareceu-me de uma pirangagem sem igual da companhia aérea. Porra, estou voando e me servem somente essas merdas! Que tal um vinho, ou até mesmo uma cerveja. Bom, talvez eu ainda tenha uma lembrança de quando eu era bem pequeno, uns 6 anos e voei com minha família a Porto Alegre e me lembro muito bem que era como uma festa, toda aquela comida servida em potinhos, com garfinhos e frescuras assim... ah!. Mas voltando aos passageiros, esses comem amendoins e tomavam água negra do capitalismo, faziam palavras cruzadas e desejavam corpos e celulares anunciados nessas patéticas revistas de bordo.
Eu ...vou terminando essa nota porque ainda resta mais uma hora de vôo e apreciar as luzes humanas a 8000 m de altura me faz pensar em formigas e formigas são como nós, insignificantes e encantadoras criaturas.
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